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A peça do mês de outubro é dedicada ao “baú” ou “caixa”

Esta peça foi submetida a uma intervenção de conservação e restauro, entre os meses de março e agosto de 2022, pela equipa do CPIMA, “com a finalidade de se obter a sua estabilização e conservação dos diferentes suportes para testemunho histórico”. (In, relatório do CPMIA)

Foi um processo longo e minucioso, pois o estado de conservação deste bem foi considerado mau.

“Trata-se de um baú do séc. XX, de estrutura tipicamente paralelepipédica oca, com uma tampa móvel abaulada, assegurada por duas dobradiças em suporte metálico em liga de ferro”. (In, relatório do CPMIA)

Gostaríamos de, com a ajuda da comunidade, saber se conheceram, na ilha do Corvo, ou noutras ilhas, peças idênticas a esta. Pretende-se saber a sua proveniência, a natureza da sua utilização prática ou alguma história associada a este bem cultural.

Raúl Brandão, na sua obra “Ilhas Desconhecidas”, fala-nos de uma caixa com a seguinte descrição:

“[As mulheres] dispõem da chave da caixa […] Ora isto de ter a chave da caixa é uma coisa muito séria na lavoura. A caixa da limpeza, sempre de uma madeira dura para lhe não entrar o rato, e no Corvo de cedro petrificado que se encontra no fundo da terra, ou de tabuões de naufrágio que dão à costa, é o móvel onde se guardam os melhores panos, as moedas que se juntam tirando-o à boca, as coisas de maior préstimo e valia e as recordações dos mortos. A caixa herda-se. E, puída de tantas mãos, é quase sagrada. Já tenho visto lavradores morrerem com os olhos postos na caixa e a chave metida debaixo do travesseiro. Ter a chave da caixa é ter o ceptro do prestígio. E uma vez entregue à mulher, nunca mais se lhe pode tirar …” ( in, Raúl Brandão,1998, “As Ilhas Desconhecidas’, p.28).

Agradecemos a vossa colaboração e os valiosos contributos que nos possam dar.

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