Categorias
Património

A tecelagem na ilha do Corvo – De Memória a Património Imaterial

Falar do dia da lã é lembrar uma tradição corvina que se extinguiu na segunda metade do séc. XX, mais concretamente em 1969, mas que ainda prevalece na lembrança de alguns corvinos.

Findo o dia da lã afigurava-se, mais do que evidente, o fim da tecelagem no Corvo. Um ofício que perdurou durante séculos e que foi essencial à sobrevivência da comunidade corvina.

Deste património imaterial pouco restou para além dos lugares e objetos de memória, e dos testemunhos orais, que fazem parte da História não visível da ilha e da memória da sua comunidade.

Com a colaboração de diversos agentes, onde a comunidade assume um papel muito importante, o Ecomuseu do Corvo tem vido a desenvolver, desde 2022, um considerável número de ações de recolha e capacitação da comunidade, que vão desde a identificação e mapeamento de locais onde se tosquiava, cardava, tingia, apisoava, urdia e tecia; ao inventário dos utensílios que ainda existem na ilha associados à tecelagem, dando assim voz à narrativa discursiva e visual dos seus habitantes e procurando os elementos tangíveis que caraterizam a comunidade, no que diz respeito ao trabalho associado ao ciclo da lã; à recriação do “Dia da lã” e à realização de várias ações de formação dedicadas à tecelagem.

É por isso que, com muito orgulho, podemos dizer-vos que após estes processos formativos e de capacitação temos hoje uma tecelã a tecer no Corvo.

A Zita Mendes ficará para a História do Corvo como a primeira de muitas que a seguir virão, não temos dúvidas, que revitalizaram um saber extinto, que pertencia à memória coletiva da comunidade, para o transformar em Património Imaterial.

A Zita está, desde o dia 09 de julho, credenciada no CADA (Centro de Artesanato e Design dos Açores) como artesã da ilha do Corvo dedicada à tecelagem.

Como diz o nosso formador em tecelagem, Fernando Pereira, “Com passos decididos se faz uma boa caminhada”.

Obrigada a todos e todas que têm participado e colaborado nesta caminhada!

Categorias
Património

Inauguração da Casa da Vegia

No dia 27 de junho foi inaugurada, por S. Ex.ª o Presidente do Governo Regional dos Açores, S. Exa. a Secretária Regional da Educação, Cultura e Desporto e S. Exa. a Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, mais uma estrutura física do Ecomuseu do Corvo: A Casa da Vegia.
Vegia por ser este o nome original constante no registo predial, para não ser confundido com Vigia, nome associado às vigias da baleia, que também existiram no Corvo, mas não neste local.
Este é um espaço de eleição para um primeiro olhar para o Núcleo Urbano Antigo da Vila do Corvo (NAVC).
Este novo espaço, localizado sobre a arriba do porto da Casa, faz a ligação entre a Canada da Rocha e a rua da Matriz, através de uma área pública onde se situam várias eiras.
Deste espaço, pode-se contemplar a estrutura urbana, organizada sobre a falésia, subindo em cascata pela encosta do vulcão.
Na Casa da Vegia foi colocada uma maqueta do Núcleo Urbano Antigo, que introduz o visitante pelos diferentes espaços públicos da vila do Corvo.
É também a partir deste espaço que o visitante é encaminhado para a Casa do Tempo, primeira estrutura física visitável do Ecomuseu do Corvo.

Categorias
Património

3.ª Campanha do Património do Corvo ’23

Com o objetivo de estudar, recolher e devolver a herança cultural do Corvo às suas gentes, o Ecomuseu do Corvo promoveu, pelo terceiro ano consecutivo, a Campanha do Património da Ilha do Corvo.

Os trabalhos decorreram entre os dias 25 a 28 de setembro, numa parceria com o Centro do Património Móvel, Imaterial e Arqueológico dos Açores, à semelhança do que sucedeu nos anos 2021 e 2022, aquando das prospeções arqueológicas realizadas na zona do “Engenho”, no moinho do Caldeirão, no património subaquático, nas ações de restauro do tear típico do Corvo e da conservação preventiva de vários objetos do património móvel da ilha do Corvo.

Este ano, o Ecomuseu deu continuidade à formação na área da conservação e restauro do património cultural móvel, contando para tal com a presença de Paulo Silveira, especialista nas áreas de marcenaria, carpintaria especializada e restauro em madeira. O mesmo orientou uma formação interna, com a equipa do Ecomuseu e apresentou esclarecimentos junto da comunidade, tendo estado a trabalhar, para esse efeito, em regime de porta aberta, no Gabinete de Apoio Técnico ao Ecomuseu, localizado na Canada do Graciosa, das 09h30 às 12h30 e das 13h30 às 17h30.

A equipa de arqueologia regressou ao Corvo, este ano, com uma nova missão. Desta feita focada na recolha de novos dados relacionados com o património arqueológico da ilha do Corvo. Neste âmbito, entre outras ações de trabalho de prospeção, de arquivo e de informação, a desenvolver junto da comunidade, foi realizada uma palestra, aberta a toda a comunidade, sobre a importância da antropologia ligada à arqueologia. Isto no âmbito da procura do passado da ilha e das suas gentes.

Categorias
Música Património

Noites de Rua Cheia no Largo do Outeiro

No dia 09 de setembro, pelas 21:30, o Ecomuseu do Corvo dinamizou a 2.ª edição das “Noites de Rua cheia”, no Largo do Outeiro, onde João Moniz atuou no âmbito da sua tour “Sou Filho da Terra e do Mar” – 2023.

João Moniz é um cantautor Açoriano, nascido na freguesia de Ponta Garça, na ilha de São Miguel. Conta já com dois trabalhos de originais: EP Saudade (2020) e Depois da Saudade (2022). O seu trabalho tem sido apresentado em alguns dos maiores palcos dos Açores e não só, destacando-se o MEO Sudoeste 2019, o Coliseu Micaelense, o Teatro Micaelense, o Monte Verde Festival e o Bliss Vibes.

“… tenho saudades da bruma

que faz das nove ilhas uma…”

– “Saudade” – João Moniz

São os temas desta tour pelo arquipélago que pretende criar uma ponte, através das suas canções, entre as nove ilhas dos Açores.

Com esta atividade o Ecomuseu do Corvo pretendeu proporcionar, a toda a população do Corvo e a quem nos visita, uma oferta cultural e recreativa, através da dinamização de espaços públicos de memória e de interesse patrimonial.

+ Inf

Ouvir João Moniz: “Saudade” – https://www.youtube.com/watch?v=StDtT07b_ns

Categorias
Cinema Património

Exibição do filme “Entre Ilhas”

Exibição no Corvo do filme-viagem “Entre Ilhas” com a presença da realizadora e antropóloga visual Amaya Sumpsi.

27 de agosto, pelas 21h00| Centro de Convívio da Santa Casa da Misericórdia do Corvo |Exibição Gratuita

Documentário [Doc // PT // 2022 // 76’ // M12]

Trailer – https://vimeo.com/515018955

+ infos – https://cedroplatano.pt/Entre-Ilhas

A Secretaria Regional da Educação e Assuntos Culturais, por via da Direção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC), através do Ecomuseu do Corvo, promoveram a apresentação do documentário “ENTRE ILHAS” de Amaya Sumpsi.

“Entre Ilhas” foi realizado no Açores e estreou, a 30 de junho de 2022, nas salas de cinema portuguesas. Nos Açores contou com uma antestreia, no dia 08 de junho de 2022, na ilha do Faial.

Este é um filme-viagem e um retrato das nove ilhas do arquipélago dos Açores. De acordo com a realizadora, o filme “transporta-nos a uma época em que os barcos comandavam a vida deste remoto arquipélago, pois só a bordo deles é que era possível partir da ilha e voltar a ela”. Através dos relatos dos ilhéus, o filme navega de ilha para ilha – a bordo dos iates Pareces, dos iates do Pico, como o Santo Amaro, o Espírito Santo e o Terra Alta –, e dos barcos da Empresa Insulana de Navegação – o Carvalho Araújo, o Lima, o Arnel ou o Ponta Delgada – à procura da memória coletiva de comandantes e despenseiros, enjoos e namoros, tempestades difíceis e bailes a bordo.

A par da exibição do documentário, Amaya Sumpsi está a preparar, em colaboração com os museus regionais, um trabalho de recolha de património imaterial dos Açores relacionado com o mar. Para isso, espera poder contar com a colaboração dos corvinos que queiram partilhar fotografias ou testemunhos sobre estas travessias marítimas.

SINOPSE

A bordo do cruzeiro “Express Santorini”, “Entre Ilhas” percorre o arquipélago dos Açores, através de diários, imagens de arquivo e relatos de viajantes, de marinheiros e dos açorianos, centrados numa época em que o mar era um espaço comunitário e social significativo. Será que o mar aproxima, ou será que afasta?

FICHA TÉCNICA

Realização, Imagem – Amaya Sumpsi

Som, Assistente Realização – Eduardo Ventura

Montagem – Rita Figueiredo, Amaya Sumpsi e Pedro Gancho

Montagem Som e Mistura – Hugo Leitão

Dir. Produção – Diana Diegues e Renata Sancho

Produção – Cedro Plátano

Distribuição Portugal – Zero em Comportamento

Apoios – ICA, RTP, Direção Regional dos Assuntos Culturais, Atlanticoline, CRIA,

Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, Grupo Bensaude

Sobre a realizadora

Amaya Sumpsi é realizadora e antropóloga visual. Integra, desde 2017, a coordenação do NAVA – Núcleo de Antropologia Visual e Artes (CRIA-UNL/ISCTE). O seu primeiro documentário “Meu pescador, meu velho” estreou no Festival de Cinema do Royal Anthropological Institute (Edimburgo, 2013) e foi selecionado para numerosos festivais de cinema etnográficos internacionais. Em Portugal, ganhou o prémio Camacho Costa para o melhor documentário lusófono do festival Cine Eco-Seia (2013).

Em 2018, realizou juntamente com uma equipa de antropólogos “Um Ramadão em

Lisboa”, um documentário colaborativo que teve estreia no festival IndieLisboa (2019)

e exibição no canal público RTP 2 (2021). É curadora de vários festivais de cinema etnográficos e, neste momento, está a desenvolver o projeto de longa-metragem “rota

5”, uma coprodução entre Espanha e Portugal.

Caso as condições meteorológicas sejam adversas, a exibição do filme será feita no Centro de Convívio da Santa Casa da Misericórdia, no mesmo horário.

Categorias
Leitura Património

Apresentação do Livro: Etnografia, cultura e Tradições

O Ecomuseu do Corvo promoveu, no dia 20 de junho, pelas 17h00, no Centro de Convívio da Santa Casa da Misericórdia da Vila do Corvo, a apresentação do livro “Etnografia, Cultura e Tradições”.

Este livro, editado pela Santa Casa da Misericórdia de São Roque do Pico, sob coordenação de José Carlos Garcia, resulta da atividade desenvolvida na disciplina de Etnografia, Cultura e Tradições da Universidade+Sénior da Santa Casa da Misericórdia de São Roque do Pico e reúne trabalhos elaborados por elementos dentro e para lá da referida unidade formativa.

De salientar que este livro surge no âmbito de um projeto social e educativo, destinado a todos os cidadãos com mais de 50 anos, no sentido de estimular a aprendizagem ao longo da vida, e decorre de um projeto vencedor do orçamento Participativo dos Açores.

O mesmo foi apresentado por José Carlos Garcia, investigador na área da antropologia e responsável pela coordenação deste livro.

Categorias
Património

Encontros à Quinta- Desafio Falar Corvino

Decorreu, no passado dia 30 de março o 1.º “Encontro à Quinta – Desafio Falar Corvino”.
Este foi, sem dúvida, um momento memorável e importante para todos os que amam o Corvo, a sua História e as suas tradições.
O objetivo é conviver, aproximar os corvinos que estão longe da sua terra e partilhar memórias de tempos antigos.
Para cada quinta-feira teremos preparado um pequeno desafio: “Desafio Falar Corvino” que coloca à prova os conhecimentos sobre os falares do Corvo.
Este desafio servirá de mote para conversarmos sobre muitas coisas, mas sobretudo de memórias e tradições de antigamente.
Para enviarmos o link da sessão do zoom é necessária a inscrição e, por isso, solicita-se que preencham alguns dados na ficha de inscrição disponível em.
https://forms.office.com/e/CbuPbaw9vP

Estes encontros irão continuar todas as últimas quintas-feiras de cada mês.
No mês de abril decorrerá, excecionalmente, na penúltima quinta-feira, dia 20 de abril, às 21:00 dos Açores.
Os corvinos residentes estão convidados a juntar-se a nós, na Casa do Tempo, no dia 20 de abril, às 21:00.
Por último, deixamos um desafio online sobre o “Falar Corvino”.
Participem, pois é a partir deste trabalho que poderemos transmitir, àqueles que nos irão suceder, este conhecimento e, desta forma, vivificar o património imaterial que é pertença de todos nós.
Para acompanharem o resultado dos contributos da comunidade deixamos o link do glossário “Falar Corvino”: https://padlet.com/ecomuseu/5zdomsu4rcejijqy

Categorias
Património

Recolha participativa: Cozinha de antigamente – Levantamento de receitas típicas e tradições gastronómicas do Corvo

Iniciamos uma nova atividade de recolha participativa intitulada: “Cozinha de antigamente – Levantamento de receitas típicas e tradições gastronómicas do Corvo”.

Se conheces as receitas típicas da ilha do Corvo partilha-as, pois iremos elaborar um livro com os contributos de todos.

Envia as tuas receitas típicas para: ecomuseu.corvo.info@ azores.gov.pt ou escreve-as no livro das receitas https://padlet.com/ecomuseu/rq9xslsb2jyfoimp

Já temos alguns contributos. Depois da recolha o próximo passo será a sua confeção e partilha.

Categorias
Património

Dias Europeus da Conservação e Restauro

No mês de outubro celebram-se os Dias Europeus da Conservação e Restauro. Estes têm sido assinalados, desde 2018, pela E.C.C.O. (Confederação Europeia de Associações de Conservadores-restauradores), comemorando-se, em 2022, entre 10 e 16 de outubro. No dia 16 assinala-se o Dia Europeu da Conservação e Restauro.

Para assinalar estes dias, deixamos aqui algumas fotos dos trabalhos de conservação preventiva e restauro do Património Móvel do Corvo, que está a ser desenvolvido pelas técnicas do Ecomuseu do Corvo, Tatiana Fragata, Nicole Neves e Patrícia Pacheco, que recentemente receberam formação nesta área.

Parabéns pelo excelente trabalho e dedicação.

Um agradecimento também ao Centro do Património Móvel, Imaterial e Arqueológico que connosco tem colaborado, especialmente ao seu coordenador, o Arqueólogo Pedro Parreira, sem esquecer o Sr. Paulo Silveira e o José Luís Borges.

Por fim, nada disto seria possível sem o apoio da comunidade corvina que tem cedido, através de doações ou depósitos, as diferentes peças. Não refiro nomes pois são muitos os que connosco têm colaborado.

O Ecomuseu somos todos nós!

Um bem-haja a todos.

Categorias
Património

A peça do mês de outubro é dedicada ao “baú” ou “caixa”

Esta peça foi submetida a uma intervenção de conservação e restauro, entre os meses de março e agosto de 2022, pela equipa do CPIMA, “com a finalidade de se obter a sua estabilização e conservação dos diferentes suportes para testemunho histórico”. (In, relatório do CPMIA)

Foi um processo longo e minucioso, pois o estado de conservação deste bem foi considerado mau.

“Trata-se de um baú do séc. XX, de estrutura tipicamente paralelepipédica oca, com uma tampa móvel abaulada, assegurada por duas dobradiças em suporte metálico em liga de ferro”. (In, relatório do CPMIA)

Gostaríamos de, com a ajuda da comunidade, saber se conheceram, na ilha do Corvo, ou noutras ilhas, peças idênticas a esta. Pretende-se saber a sua proveniência, a natureza da sua utilização prática ou alguma história associada a este bem cultural.

Raúl Brandão, na sua obra “Ilhas Desconhecidas”, fala-nos de uma caixa com a seguinte descrição:

“[As mulheres] dispõem da chave da caixa […] Ora isto de ter a chave da caixa é uma coisa muito séria na lavoura. A caixa da limpeza, sempre de uma madeira dura para lhe não entrar o rato, e no Corvo de cedro petrificado que se encontra no fundo da terra, ou de tabuões de naufrágio que dão à costa, é o móvel onde se guardam os melhores panos, as moedas que se juntam tirando-o à boca, as coisas de maior préstimo e valia e as recordações dos mortos. A caixa herda-se. E, puída de tantas mãos, é quase sagrada. Já tenho visto lavradores morrerem com os olhos postos na caixa e a chave metida debaixo do travesseiro. Ter a chave da caixa é ter o ceptro do prestígio. E uma vez entregue à mulher, nunca mais se lhe pode tirar …” ( in, Raúl Brandão,1998, “As Ilhas Desconhecidas’, p.28).

Agradecemos a vossa colaboração e os valiosos contributos que nos possam dar.