Entre os dias 2 e 7 de junho, no espaço Multiusos, o Ecomuseu do Corvo voltou a abrir as portas ao fio e ao tear, às mãos que aprendem, às vozes que partilham e às memórias que se entrelaçam.
Esta foi já a 4.ª edição da formação em iniciação às técnicas de tecelagem, uma ação que é muito mais do que um curso: é o culminar de um processo de reencontro com um saber-fazer que, durante décadas, esteve suspenso no tempo. Desde o último Dia da Lã, celebrado em 1969, que a tecelagem deixara de ecoar no quotidiano da ilha. O silêncio abateu-se sobre os teares, e com eles adormeceu um património que parecia destinado ao esquecimento.
Mas hoje, com emoção contida e orgulho renovado, podemos afirmar que esta memória foi resgatada. O que era ausência transformou-se em presença viva. Graças à persistência de várias mãos, curiosas, dedicadas, corajosas, a tecelagem voltou a fazer parte da vida corvina. E já não apenas como evocação: existe agora uma artesã, Zita Mendes, com o tear montado, a trabalhar no Corvo, tecendo o presente com linhas do passado. Este é o sinal claro de que o património imaterial se pode regenerar, quando cuidado com tempo, com escuta e com alma.
Cada fio lançado no tear é também um fio de identidade, de pertença, de esperança. Nesta formação, a comunidade encontra-se para aprender e para ensinar, para recordar e para reinventar, mas sobretudo para afirmar que a tradição não é um peso morto: é raiz e é impulso. E é também futuro.
Promovida no âmbito da ação “Vivências e Tradições”, esta formação faz confluir o conhecimento ancestral com uma visão contemporânea da sustentabilidade, da criatividade e da autonomia. Porque ao resgatarmos a tecelagem, não estamos apenas a preservar o passado, estamos a urdir, fio a fio, um novo horizonte para a ilha do Corvo.
























































