Moinho do Caldeirão

Localizado junto ao microtopónimo de Entre os Montes, no coração da cratera do Caldeirão, encontram-se os escombros de um antigo moinho de maré (ou rodízio) cuja tipologia se distingue de todos os restantes (até ao presente) reconhecidos no Arquipélago dos Açores.
Trata-se de um imóvel de final do século XIX ou começo do XX, implantado entre as duas principais lagoas da cratera do Caldeirão. De alvenaria tosca – pedra sobreposta ligada com argamassa de terra e argila – e com uma altura não superior a 2 metros.
Com uma levada de água, de construção antrópica, escavada debaixo do imóvel, esta serviria de ligação entre as duas lagoas, encontrando-se uma delas em posição superior à outra, ou seja, a ligação de água entre ambas funcionaria de forma gravitacional no engenho da moagem.

É possível ver ainda uma levada secundária que serviria para drenar a água da lagoa superior a oriente, muito provavelmente em alturas de maior índice de precipitação, e para controlar a velocidade da água na levada principal.

Recolhas junto da comunidade permitiram aferir que este moinho era utilizado todo o ano, exceto nas épocas de maior pluviosidade, uma vez que impedia o funcionamento do rodízio. No Verão a moagem tornava-se igualmente difícil devido ao fenómeno de dissipação, o que por sua vez fazia baixar o nível da água das lagoas.

O Moinho do Caldeirão pertencia a uma sociedade, com não mais de meia dúzia de sócios, e cada um tinha um dia específico da semana para fazer a sua moenda (medida de milho). Levavam o milho, num burro ou às costas, e traziam de volta 2 a 3 alqueires de farinha.
Referem, ainda, os antigos que o engenho funcionava de forma autónoma, “Podia-se deixar o milho a moer, ir ver dos animais e voltar mais tarde.”, uma vez que criaram um mecanismo de madeira- tramela – que batia de forma constante na moenda (componente com o milho) levando a que os grãos caíssem lentamente no olho da mó.