Fechadura de Madeira do Corvo

A fechadura de madeira do Corvo é uma das mais peculiares peças do artesanato açoriano.
Não sendo exclusiva do Corvo, foi aqui que teve a sua expressão máxima, perdurando até aos dias de hoje como uma espécie de último reduto de uma sociedade comunitária, onde a simples indicação de propriedade privada era suficiente para garantir a sua interdição.

Num tempo em que as matérias-primas eram escassas, mas o engenho se sobrelevava, estas eram integralmente de madeira, à exceção da chave, que podia ser feita, também, em osso de baleia ou latão.

Feita integralmente em madeira, que lhe garantia uma maior resistência ao salitre, a fechadura do Corvo decompõe-se em quatro partes:

  • Caixa de fechadura;
  • Trinco;
  • Chave;
  • Vermelhos.

A sua fixação na porta era feita com cavilhas (parafusos de madeira).

Após a limpeza a madeira é cortada até adquirir a dimensão da fechadura que se pretende construir. Seguidamente, com a ajuda do graminho, são marcados na madeira os lugares dos rasgos que permitirão construir o interior da fechadura.

Os rasgos, onde irão encaixar os vermelhos, e o fecho são marcados com a ajuda de uma trincha. No final as fechaduras são marcadas nos cantos para terem uma textura mais suave.

Para se produzir os fechos corta-se a madeira com a largura do local de passagem da chave. Faz-se, depois, os rasgos dos vermelhos para a passagem da chave. Por fim, é produzida a chave com a madeira mais fina. A simetria da chave de madeira permite mover o encaixe, provocado pelos vermelhos que funcionam como autênticos trincos, permitindo o funcionamento da fechadura.

Ferramentas utilizadas na construção das fechaduras:

Legenda da figura da esquerda para a direita: 1- Graminho; 2- Masso; 3- Trincha; 4- Garlopa; 5- Plaina; 6- Serra de banco.

O cedro-do-mato era a madeira mais utilizada por ser o recurso disponível na altura, por apresentar maior durabilidade e resistência às intempéries e por ser facilmente trabalhada. Esta é uma espécie endémica dos Açores que beneficia, hoje, de um estatuto de proteção.

É possível ainda encontrar exemplares desta ancestral fechadura em algumas casas de abegoaria localizadas na Vila e na maioria daquelas que se situam nas “Terras de Cima”.

Estas fechaduras constituem um produto emblemático do artesanato local que manteve a sua relevância ao longo dos séculos, tornando-se indissociável da História da Região e dos Corvinos.

Ao manter vivas as fechaduras de madeira do Corvo, também se mantem viva a identidade cultural e social de um povo.

As fechaduras do Corvo estão reconhecidas como marca coletiva de certificação “Artesanato dos Açores”, pois trata-se de um bem patrimonial tradicionalmente manufaturado na ilha do Corvo.

Esta certificação de origem e qualidade, visa contribuir para a sua valorização cultural e para a sua distinção no mercado.

É ao Centro de Artesanato e Design dos Açores (CADA) que compete garantir a certificação de origem e qualidade dos produtos artesanais.

Certificação e Proteção dos Produtos Artesanais

Condições para a certificação