No dia 27 de junho foi inaugurada, por S. Ex.ª o Presidente do Governo Regional dos Açores, S. Exa. a Secretária Regional da Educação, Cultura e Desporto e S. Exa. a Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, mais uma estrutura física do Ecomuseu do Corvo: A Casa da Vegia.
Vegia por ser este o nome original constante no registo predial, para não ser confundido com Vigia, nome associado às vigias da baleia, que também existiram no Corvo, mas não neste local.
Este é um espaço de eleição para um primeiro olhar para o Núcleo Urbano Antigo da Vila do Corvo (NAVC).
Este novo espaço, localizado sobre a arriba do porto da Casa, faz a ligação entre a Canada da Rocha e a rua da Matriz, através de uma área pública onde se situam várias eiras.
Deste espaço, pode-se contemplar a estrutura urbana, organizada sobre a falésia, subindo em cascata pela encosta do vulcão.
Na Casa da Vegia foi colocada uma maqueta do Núcleo Urbano Antigo, que introduz o visitante pelos diferentes espaços públicos da vila do Corvo.
É também a partir deste espaço que o visitante é encaminhado para a Casa do Tempo, primeira estrutura física visitável do Ecomuseu do Corvo.
25 de Abril de 1974, o dia da revolução que trouxe a democracia e a liberdade a Portugal.
Este ano de 2024 marca o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, revolução pacífica que pôs fim ao regime ditatorial que se vivia em Portugal desde 1926.
Quase 50 anos passados, procuramos hoje relembrar os acontecimentos desse dia. Que vivências se deixaram para trás. O que se conquistou e o que se modificou.
Para Portugal, a Revolução do 25 de Abril de 1974 significou o final do Estado Novo, da censura e da guerra, que deram o lugar à liberdade e à democracia. Na Madeira e nos Açores significou, também, a autonomia; uma autonomia que perdura e que favorece o crescimento e a evolução destas duas regiões autónomas de Portugal, de características tão singulares.
A autonomia dos Açores permitiu uma maior unificação das nove ilhas, que anteriormente se dividiam em três distritos distintos e que mesmo na autonomia administrativa de 1895 não tinha integrado o conjunto das ilhas açorianas (na altura, as quatro ilhas do antigo distrito da Horta não integraram a primeira autonomia). A unificação de 1976 perdurou, assim como o sempre pujante regime autonómico.
Apesar da sua pequena dimensão, reduzida população e isolamento, a influência do regime do Estado Novo estava muito presente no quotidiano da ilha do Corvo no período que antecedeu o 25 de Abril de 1974.
Até aqui, no extremo mais ocidental da Europa, os longos tentáculos da PIDE chegaram. A censura fazia-se sentir no dia a dia dos corvinos, que eram regidos por normas de conduta controladas, com mão de ferro, pelo então professor e Presidente da Câmara, Alfredo Lopes, que estabeleceu e fez observar diversas proibições.
Terá proibido que as galinhas andassem à solta pelos caminhos; estabelecido que quem deixasse cair lixo na rua era multado e que quem não agisse em conformidade com as regras definidas, era multado em 3$00 (custo pesado para a época).
Com base em alguns depoimentos por nós recolhidos, existiram, alegadamente, informantes da PIDE no Corvo. Situação que criou constrangimentos, de diversa ordem e natureza, entre a população da ilha.
Foram também vários os corvinos que foram recrutados para combater na Guerra do Ultramar, em Angola, na Guiné e em Moçambique. Foram 16 no total. Trata-se de um número considerável de homens, isto tendo em conta a pequena dimensão demográfica da ilha. Terá sido certamente uma situação desconcertante para esses jovens, como o foi para tantos outros portugueses do resto do país, terem de partir da sua pequena e pacífica localidade, para o difícil cenário de guerra que as tropas portuguesas enfrentavam em África.
O Sr. José Maria Fraga, de 73 anos, foi quem, amavelmente, nos descreveu as suas vivências nesse tempo. Quando se deu o 25 de Abril de 1974, o Sr. Fraga encontrava-se já no Corvo, regressado da Guerra Colonial. Foi combatente no leste de Angola, nomeadamente em Cangombe, Cangamba, Alto Cuíto, Nhonga e Bié, país onde esteve 26 meses e 18 dias, como conta com inabalável memória e precisão.
Regressou no dia 24 de abril de 1974, um dia antes da data da Revolução de Abril. Foi também ele quem nos relatou como chegou ao Corvo a notícia da ocorrência da Revolução.
Como sucedeu em muitos pontos do país, a notícia chegou ao Corvo através da rádio. Na altura já existiam no Corvo algumas pessoas (poucas) que tinham rádio em casa, como era o caso da futura esposa do Sr. Fraga, a Sr.ª Maria José Mendes, que na casa dos pais tinha um rádio. Foi através das emissoras de rádio que transmitiam para o Corvo, a Emissora Nacional, o Asas do Atlântico, o Rádio Clube Português e a Rádio Clube de Angra, que os corvinos tiveram conhecimento que a ditadura havia findado.
Assim, no âmbito do 50.º Aniversário do 25 de Abril de 1974, o Ecomuseu do Corvo selecionou um aparelho de rádio como peça emblemática e de elevada importância para a ilha.
Salientamos o aparelho de rádio da marca Grundig, modelo 3088, fabricado na antiga Alemanha Ocidental, na década de 50 do século XX.
Este rádio pertence à Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres de Vila do Corvo. Foi através do Sr. Padre Francisco Xavier que tomámos contacto com esta peça tão emblemática, tendo sido autorizada a sua análise e o seu registo fotográfico.
Este exemplar antigo encontra-se em muito bom estado de conservação, constituindo uma memória material dos meios tecnológicos da época que permitiram a rápida chegada da notícia do fim do Estado Novo e o início de uma nova era política para Portugal e também para a ilha do Corvo. No caso em apreço, este foi mesmo o aparelho onde muitos ouviram, na ilha do Corvo, a notícia da chegada da liberdade e da democracia ao país.
Falar do dia da lã é lembrar uma tradição corvina que se extinguiu na segunda metade do séc. XX, mais concretamente em 1969, mas que ainda prevalece na lembrança de alguns corvinos.
Findo o dia da lã afigurava-se, mais do que evidente, o fim da tecelagem no Corvo. Um ofício que perdurou durante séculos e que foi essencial à sobrevivência da comunidade corvina.
Deste património imaterial pouco restou para além dos lugares e objetos de memória, e dos testemunhos orais, que fazem parte da História não visível da ilha e da memória da sua comunidade.
Com a colaboração de diversos agentes, onde a comunidade assume um papel muito importante, o Ecomuseu do Corvo tem vido a desenvolver, desde 2022, um considerável número de ações de recolha e capacitação da comunidade, que vão desde a identificação e mapeamento de locais onde se tosquiava, cardava, tingia, apisoava, urdia e tecia; ao inventário dos utensílios que ainda existem na ilha associados à tecelagem, dando assim voz à narrativa discursiva e visual dos seus habitantes e procurando os elementos tangíveis que caraterizam a comunidade, no que diz respeito ao trabalho associado ao ciclo da lã; à recriação do “Dia da lã” e à realização de várias ações de formação dedicadas à tecelagem.
É por isso que, com muito orgulho, podemos dizer-vos que após estes processos formativos e de capacitação temos hoje uma tecelã a tecer no Corvo.
A Zita Mendes ficará para a História do Corvo como a primeira de muitas que a seguir virão, não temos dúvidas, que revitalizaram um saber extinto, que pertencia à memória coletiva da comunidade, para o transformar em Património Imaterial.
A Zita está, desde o dia 09 de julho, credenciada no CADA (Centro de Artesanato e Design dos Açores) como artesã da ilha do Corvo dedicada à tecelagem.
Como diz o nosso formador em tecelagem, Fernando Pereira, “Com passos decididos se faz uma boa caminhada”.
Obrigada a todos e todas que têm participado e colaborado nesta caminhada!
Esta iniciativa, que compreende uma aplicação para telemóvel e uma publicação em formato digital, disponíveis no portal Cultura Açores, constitui um recurso educativo não formal e pretende, através de uma seleção de peças e documentos, nem sempre acessíveis ao público, pertencentes aos Serviços de Promoção Cultural (oito museus, um ecomuseu, três bibliotecas e arquivos regionais, um centro de artes), contar a história dos principais acontecimentos políticos do século XX, que conduziram ao 25 de Abril.
Resultando da investigação efetuada por estes Serviços e disponibilizada nas plataformas de acesso público (CCM – Catálogo Coletivo de Museus, Koha e Archeevo), este trabalho vai também ao encontro da temática escolhida pelo ICOM – International Councilof Museums para 2024, a saber, “Museus para a Educação e Investigação”.
Read more: Projeto digital “Da Sombra ao Cravo – O 25 de Abril pelos Olhos do Património Cultural”O Ecomuseu do Corvo está a colaborar, enquanto instituição de acolhimento, num projeto Erasmus + de apoio à mobilidade de estudantes estrangeiros, em estágios de trabalho (work placements).
Desde o início do mês de julho que temos connosco uma estudante de mestrado, de nacionalidade italiana, que estuda na Universidade de Lund, na Suécia.
Chama-se Nicole e tem participado, de forma muito entusiástica, nas atividades do Ecomuseu, não só como observadora, mas também como participante.
A Nicole manifesta interesse em contactar com a comunidade da ilha do Corvo, aprender mais sobre a nossa cultura, com o objetivo de encetar um trabalho de investigação, para a redação da sua dissertação de mestrado em análise cultural.
É uma jovem muito simpática, curiosa e empenhada.
Já está a aprender a fazer a nossa típica barreta e, nas próximas semanas, pretende estabelecer um contacto mais próximo com a comunidade para recolher mais informação sobre as nossas tradições e sobre a nossa História.
Para o Ecomuseu do Corvo é muito gratificante poder dar apoio a estes jovens estudantes que, constantemente, nos contactam para com eles colaborarmos.
O prazo para apresentação de candidaturas para o próximo ano decorre até 30 de setembro e as candidaturas das Danças e Bailinhos devem ser apresentadas entre 1 de janeiro e 14 de fevereiro de 2025.
O prazo para a apresentação de candidaturas para a bolsa de estudo e de formação para a categoria Audiovisual e Multimédia decorre até 31 de agosto de 2024 e a bolsa de criação artística para a categoria Audiovisual e Multimédia, entre 1 e 31 de agosto de 2024.
Para mais informação poderá ser consultado o espaço “Apoios – Legislação e Formulários” da DRC: http://www.culturacores.azores.gov.pt/documentos/?categoria=9
O Ecomuseu do Corvo está disponível para ajudar os potenciais candidatos na formalização das suas candidaturas.
Decorreram na ilha do Corvo, no passado dia 16 de junho, as comemorações do centenário da viagem de Raul Brandão aos Açores.
Estas comemorações foram promovidas pela Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto, por via da Direção Regional da Cultura, através do Ecomuseu do Corvo, numa parceria direta coma Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Do programa das comemorações constavam as seguintes atividades:
Um Roteiro Cultural de Raul Brandão, num percurso encenado pela ilha do Corvo.
Inauguração de uma placa comemorativa, que contou com a presença de Sua Excelência o Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Inauguração da Exposição “Açores Silêncio e Ser”, que se encontra patente no Edifício da Delegação da ALRAA no Corvo.
Palestra comemorativa realizada no Pavilhão Multiusos do Corvo, que contou com as apresentações da Professora Doutora Ana Cristina Gil, do Professor Doutor João Saramago e do Dr. Vasco Rosa.
Esta palestra foi precedida de um momento musical, protagonizado pelos alunos da EBS Mouzinho da Silveira, sob coordenação da docente Elisabete Barradas.
O encerramento das comemorações contou com um Porto de Honra.
A Hora da Barreta
Com o intuito de preservar o saber fazer, temos vindo a dinamizar, desde o dia 13 de dezembro de 2023, a atividade intitulada “A Hora da Barreta”.
Trata-se de uma ação prolongada no tempo, que desenvolvemos semanalmente, à quarta-feira, com a duração de apenas uma hora, onde os inscritos podem comparecer conforme a sua disponibilidade.
Com esta ação pretende-se transmitir a arte de produzir a típica barreta do Corvo e capacitar a comunidade para a importância da preservação deste património único.
A barreta do Corvo é o resultado de uma necessidade que se aliou à capacidade de criação de um povo que, desde cedo, se viu entregue a si próprio.
Sendo a lã a única matéria-prima na ilha que permitia a confeção do vestuário, também a barreta era feita naquele material, agasalho perfeito para combater o frio nos invernos rigorosos.
Supõe-se que o modelo e a técnica de confeção terão sido transmitidos aos corvinos a bordo das baleeiras americanas que, desde o século XIX , cruzavam os mares dos Açores e aportavam à ilha para fazer a aguada e recrutar homens para as tripulações. Durante as longas viagens no mar alto, estes homens terão aprendido a tricotar e, uma vez regressados, terão transmitido a técnica às suas esposas que passaram a ser as responsáveis pela produção das barretas.
Para participar neste workshop em Barretas do Corvo só necessita inscrever-se.
O curso é gratuito e decorre, à quarta-feira, entre as 16h00 e as 17h00, no Multiusos.
As agulhas são emprestadas pelo Ecomuseu, consoante a disponibilidade.
Para mais pormenores e inscrições basta seguir o seguinte link: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx…
Simultaneamente temos vindo a articular esta atividade com os nossos anciãos, durante a atividade “Encontros com Memória”, com o intuito de com eles aprendermos mais sobre este elemento único do património da ilha do Corvo.
Agradecemos o interesse da comunidade pela preservação do património do Corvo!
A 25 de abril o Ecomuseu do Corvo irá comemorar o 50.º Aniversário da Revolução do 25 de Abril e celebrar a Liberdade!
Neste dia serão colocadas as velas nos moinhos de vento para celebrar a Liberdade, a Paz e a Democracia, bem como dar vida a este inestimável Património, valorizar as memórias e as tradições e criar processos educativos e de capacitação da comunidade.
Programa:
10H30 – “Caminhada pela Liberdade”. Atividade realizada em articulação com o Serviço de Desporto da Ilha do Corvo (ponto de encontro junto aos moinhos de vento);
11h15 – Oferta de um lanche aos participantes na “Caminhada pela Liberdade” (Multiusos do Corvo);
11h45 – Visita à exposição: As “ondas” da Rádio e o 25 de Abril no Corvo;
14h30 – Dia Aberto dos Moinhos de Vento. Moinhos que celebram Abril;
– Demonstração do funcionamento dos moinhos;
– Jogos do Património;
– Exposições;
– Recriações.
17h00 – “Convívio da Liberdade” com oferta de comes e bebes;
18h00 – Oferta de cravos vermelhos a todos os participantes.
Contamos com a presença de todos neste dia que que assinala a Liberdade, a Democracia e a Paz.
Obs: Sendo uma atividade ao ar livre a mesma está dependente das condições meteorológicas.
Na interrupção letiva da Páscoa o Ecomuseu do Corvo assinalou no dia, 25 de março, o 50.º aniversário do 25 de Abril com uma peça de teatro, transmitida via zoom e apresentada pela companhia de teatro profissional “TeatroEduca”, intitulada “25 de Abril – História de uma Revolução”.
Trata-se de uma peça de teatro pedagógica (destinada a um público em idade escolar) que conta a História da Revolução que derrubou, quase sem derramamento de sangue e sem grande resistência das forças leais ao Governo, o regime ditatorial herdado de Oliveira Salazar. Nesta peça são também abordados os temas do Marcelismo, até à entrada em vigor da Constituição de 1976.
Com esta atividade pretende-se que os alunos consigam distinguir situações de vivências em ditadura e em democracia, identificar as razões que conduziram à Revolução do 25 de Abril de 1974, conhecer e valorizar a ação das principais figuras da Revolução e desenvolver atitudes e comportamentos de respeito, tolerância e defesa da liberdade.