No dia 01 de agosto foi inaugurada, no Pavilhão Multiusos do Corvo, a exposição “A Arte Secular do Trabalho da Lã nos Açores: Da Tosquia ao Lar”, uma mostra participativa que reúne, pela primeira vez, os oito museus públicos da Região Autónoma dos Açores em articulação com o Ecomuseu do Corvo e com a comunidade local.
A cerimónia de inauguração contou com a presença do Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e das Comunidades, bem como de diversos convidados e membros da comunidade, num momento marcado por emoção, memória e partilha. A diretora do Ecomuseu do Corvo, Deolinda Estêvão, sublinhou na sua intervenção o caráter coletivo e simbólico desta exposição: “uma celebração do que fomos, um registo do que ainda somos, e um convite a pensar o que queremos continuar a ser”.
A mostra percorre o ciclo completo do trabalho da lã nos Açores, desde a tosquia até à sua presença no lar, evocando gestos antigos como a lavagem da lã, a cardação, a fiação, o tingimento ou a tecelagem. Combinando tradição e inovação, a exposição é acessível em formato bilingue (português-inglês), com conteúdos digitais ativados por QR codes.
A exposição destaca-se pela diversidade e valor etnográfico do espólio reunido: peças de todos os museus dos Serviços de Promoção Cultural da Direção Regional da Cultura, como as colchas tingidas oriundas dos Museus das Flores e de Santa Maria, o barrete micaelense (Museu Carlos Machado), a camisola de baleeiro (Museu do Pico), o painel têxtil da Fajã dos Vimes (Museu Francisco de Lacerda- São Jorge) ou as miniaturas do Museu da Graciosa, do Museu de Angra do Heroísmo e do Museu da Horta, partilham o espaço com colchas, camisoulas, ferramentas e outros objetos do quotidiano corvino, gentilmente cedidos pela comunidade local.
Foram especialmente destacados os corvinos e amigos do Ecomuseu do Corvo que cederam peças e memórias para a exposição:
Celestino Rodrigues Domingos, Família de Maria João Domingos, Fernando Pereira, Filipe Tadeu Hilário Alves, João António Mendes de Mendonça, João Pedras, Margarida Bensaude, Maria de Fátima Hilário Alves, Maria José Mendes Fraga e Paulo Jorge Estêvão.
Foi igualmente destacada a colaboração dos diretores e das equipas dos museus participantes e, em particular, das técnicas envolvidas na montagem e museografia da exposição (Ana Mota, Marlene Xavier, Nicole Neves e Patrícia Pacheco) cujo trabalho, discreto mas rigoroso, garantiu a qualidade e a sensibilidade do percurso expositivo.
Um dos momentos altos da inauguração foi a apresentação de um pequeno filme com o testemunho do já falecido Alfredo Emílio, sobre o emblemático “Dia da Lã”, uma tradição de partilha e entreajuda comunitária na ilha do Corvo. As suas palavras ressoaram como um tributo vivo à memória coletiva.
A visita guiada às peças foi seguida de um lanche informal, recriando o espírito dos piqueniques do Dia da Lã, com pão, histórias e afetos repartidos.
A exposição estará patente no Ecomuseu do Corvo até 30 de setembro de 2025, de segunda a sexta-feira, entre as 10h00 e as 12h30 e entre as 14h00 e as 17h00.
Mais do que uma simples mostra de objetos, esta é uma homenagem às mãos que fiaram, teceram e tingiram e às histórias que ainda hoje habitam os fios da lã açoriana.
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