O Circuito Interpretativo da Vila do Corvo surge como um instrumento de interpretação do território, tendo sido concebido, de forma participada, no âmbito do projeto do Ecomuseu do Corvo.
Sendo a cultura o resultado da adaptação de uma comunidade a um determinado território, no Corvo são os terrenos com os seus muros de pedra, os pastos a perder de vista no baldio e os caminhos que os interligam, os moinhos de vento, a singularidade da sua estrutura urbana com a sua complexa densidade e sistema de estreitas ruas e canadas, as eiras onde em tempos se debulhou o trigo, ou onde se dançou uma roda de chamarrita, os elementos que a caracterizam. Assim, é percorrendo e interpretando o território, as ruas e as canadas, e ouvindo as pessoas partilharem as suas histórias, que o visitante apreende a essência e a história da comunidade.
Desde cedo que a fixação dos povoadores na ilha do Corvo se revelou condicionada pelas características do território e dos recursos que continha. Para que o empreendedorismo fosse bem-sucedido foi necessário encontrar resposta a três questões: o que comer, onde se abrigar e o que vestir. É da procura por resposta a estas questões que resulta a organização do território patente ainda hoje em dia, onde são claras as marcas humanas.
O povoado foi instalado a este da fajã lávica, único local da ilha com acesso ao mar, para que oeste ficasse disponível o maior número possível de terrenos férteis para cultivo, o que solucionava as duas primeiras questões. A criação de gado ovino, lançado na ilha aquando da sua descoberta, respondeu à terceira questão, pelo que, durante séculos, os corvinos se serviram da lã destes animais, que pastavam livremente no baldio (área de propriedade e gestão comuns), para confecionar as suas vestes.
Com o crescimento da população foi necessário também cultivar nos terrenos mais elevados, as chamadas terras de cima, permanecendo o baldio para a criação de gado. Quando o gado bovino aumentou em número, parte dos terrenos mais elevados passou a ser usada para pastagem.